quinta-feira, 13 de setembro de 2007

aplausos

aplausos, ou mais m... no ventilador

Ódio à política! Ódio maior ainda a políticos em geral, salvo alguns raros que ainda parecem ostentar discretamente certa vergonha de ser, já que entraram por esses caminhos em outra época, outro momento, e agora vai, não tem jeito de sair num estalar de dedos.
Mesmo repudiando o assunto, não há como ignorar o que acontece no cenário político do país, é óbvio. Da ópera bufa, a habitual leitura diária de jornais já conduz às informações −distorcidas, camufladas ao sair da fonte principal de referência, mas felizmente (para nós, povo) analisadas, desmembradas, criticadas, pelo pessoal da imprensa honesta, que não dá trela, cai de pau. Pelo menos no sentido figurado, visto que ainda não se conseguiu conscientizar o povo brasileiro de que o único recurso possível para acabar com a desfaçatez reinante é descer a lenha (literalmente) na corja eleita pelo insignificante grupinho de milhões de idiotas crentes de que agora vai, desta vez acertaremos.

Sobre a vergonhosa absolvição do senador renan calheiros (o computador insiste em corrigir a decisão pelas letras minúsculas) de suas maracutaias político-sexuais, algumas frases de jornalistas, analistas políticos e leitores da Folha de S.Paulo:
“Quem se esconde do público que o elegeu e lhe paga o salário é necessariamente um sem-vergonha, para dizer apenas o que é permitido... A falta de vergonha aumenta quando se lembra que 41 senadores anunciaram que votariam pela cassação. Só 35 mantiveram a palavra. Não chega a ser uma surpresa ligar político à falta de palavra.” (Clóvis Rossi)

“Pela decisão tomada, e pelo muito que nem sequer chegou a ser avaliado −mais três representações contra o mesmo senador−, o dia de ontem fica marcado como um momento vergonhoso na história do Legislativo brasileiro.” (Editorial)

“Resta esperar os próximos capítulos e lamentar o dia de ontem, que abrilhantou o status brasileiro de fim de mundo institucional.” (Igor Gielow)

“... De hora em hora Deus piora... A tática empregada no mensalão para comprar apoios revelou-se escandalosa demais. A vergonha pode parecer mais discreta.” (Carlos Heitor Cony)

“Ameaça de represália acho que tem. Tem gente que miou. Entrou Lampião e saiu Maria Bonita.” (Renato Casagrande, senador, um dos relatores do processo)

“Quarenta a 35, placar da vergonha. Seis abstenções, placar da covardia.” (Luiz Nusbaum, SP, painel do leitor)

“Na República do rabo preso, quem tem mais amarras é rei.” (Daniel Neri, BH, painel do leitor)

Quando penso em quantas vezes ajudei a sair do sufoco da possível cana, pelo acúmulo de três pensões não pagas (em valores que não ultrapassavam noventa reais ao mês), garotos que trabalhavam comigo, precocemente pais aos 19, 20 anos, e comparo com esse lixo vergonhoso, sou acometida de uma enorme preguiça. Preguiça de insistir em fazer crer aos jovens que o futuro é promissor, que a vida há de melhorar, que sendo honestos poderão conquistar o mundo.
Perdoem-me os meninos, mas que nada... Suas vidas vão continuar na mesmice da falta de grana, seus filhos não receberão “apoios governamentais”, via lobistas descarados, suas ex-mulheres nunca, jamais serão convidadas a posar nuas para a Playboy.
É muita pizza para estômago tão fraco. A mim, particularmente, resta um grande prazer em meio à podridão reinante: cada vez mais sinto-me gratificada por justificar meu não-voto nas eleições. Só tenho o trabalho de ir até o Ginásio assinar o papelzinho. É até gostoso, mato a saudade daqueles tempos, e revejo os fantasmas dos mestres imortais que nos ensinaram a refletir e nos desenvolveram a capacidade de, pelo menos, nos indignar. Fomos cassados, professores! Castraram a esperança prometida.

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